sábado, 17 de agosto de 2013

A Resposta de Kathryn Stockett.

1 ano foi preciso para conseguir sequer pensar em escrever sobre esta obra. O poder deste livro fora tão aterrador sobre mim que simplesmente não conseguia expor meus sentimentos por este livro. O apego quase paternal que senti por estes personagens tão reais e adoráveis.

Primeiramente direi que esta não será uma resenha comum. Contarei muito sobre minhas experiências durante a leitura e o que continuo sentindo. Esta não é uma obra YA. Porém não direi que é um livro adulto, pois abrange todas as gerações. Desde as vovós/vovôs que viveram a década de sessenta, a qual o livro se passa, às mamães que nasceram nesta época ou nós, simples abelhudos, que não vivemos nem nascemos naquela época, talvez até muito depois.

Skeeter acabou de se formar em jornalismo na Ole Miss e está voltando para casa. Enfrentando já a oposição de sua mãe de se formar, Skeeter vai ainda mais longe. Surge com a ideia de entrevistar as empregadas da cidade. Negras* e formar um livro, relatando a vida miserável que estes pobres viviam, e ao mesmo tempo criticando abertamente as atitudes sub-humanas de seus amigos caucasianos. Porém, muita gente não quer ser vista como o vilão da história.

Aibileen está cuidando de sua décima sétima criança. Negra, tem de lidar todo dia com o preconceito e a hipocrisia dos brancos. Perdido seu filho precocemente, se apega com todas as forças aos que mais precisam de seus cuidados, mesmo sabendo que em breve, estas crianças crescerão, e se tornarão brancos grandes, como seus pais. Porém tem fé. Crê que isso tudo passará.

Minny é uma ótima amiga, companheira para todas as horas e tem uma mão para cozinha que todos elogiam. Porém não tem papas na língua.Por isso não tem empregos duradouros, e desperta uma certa raiva por parte da elite de Jackson. Ao contrário de Aibileen, está calejada de tanto preconceito. Perdera a fé em pessoas brancas. Até que nasce uma amizade improvável que lhe faz rever seus conceitos e testa os seus valores.

Isto tudo não é, ( e você tem o meu juramento) não é praticamente nada na estória. A angústia dessas pessoas e suas vidas que beiravam o miserável, são contadas com um pensar tão pueril e bela, livre de  julgamentos. É uma narrativa tão simples e ao mesmo tempo profunda. E a maneira nem um pouco delineada que a autora constrói os personagens me encantou. A doçura com que ela cria a mais dura realidade, e que retrata a mais deliciosa época que, realmente é um deleite imaginar os postos Eso, homens de camisa e calça social e mulheres com cabelo bufante, e muita coca-cola em embalagens de vidro.
A narrativa alterna o bom humor, e a angústia que, lembre-se, nunca deixa de ser doce. Você ri e chora, os dois histericamente, com os personagens.

A estória foi filmada com o nome de Histórias Cruzadas com direção de Tate Taylor. Gostei do filme apesar de achar que o filme funciona independente do livro, pois eu não diria que foi uma adaptação fiel.

Com um começo epifânico, um meio ardoroso e um final dolorosamente perfeito, Kathryn Stockett ganhou o meu respeito.





*Lembrando que na década de 60 e antes também, existia um grande preconceito doentio e paranóico contra os negros em geral. Não me estenderei muito no assunto mas caso se interesse http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_dos_direitos_civis.